Algumas impressões sobre o treino de Iaidô
Desde quando comecei a treinar Kendô e Iaidô, há um ano, sempre busquei a atitude mental de não questionar aquilo que era transmitido, falar pouco, tirar algumas dúvidas, mas sempre aceitar prontamente tanto as técnicas como toda parte de etiqueta e normas para o bom desenvolvimento do treinamento e da convivência com meu Sensei e os companheiros de treino.
Assim, ao longo desse curto período, aprendi que o Kendô pode ser entendido como a arte de fazer as coisas bem feitas. Já o Iaidô pode igualmente ser entendido como a arte de fazer as coisas ainda mais bem feitas! Imaginava o Iaidô como uma arte marcial na qual deveríamos sacar a espada o mais rápido possível, com intuito de desferir um golpe perfeito e finalizar o oponente de forma eficiente e digna! Contudo, ao iniciar o treinamento descobri que o primeiro adversário a ser vencido era eu mesmo.
Tive muitas dificuldades com o “arranque” dos movimentos partindo da posição seiza, e, depois dos dois primeiros treinos sentia dores muito fortes nas pernas. O que me causou estranheza, pois já estava habituado a ficar na posição seiza. Outro ponto importante com o qual tive dificuldade era o fato de já ter praticado outras artes marciais e demorar um pouco a perceber que deveria desligar o que achava que já sabia para poder absorver melhor as novas técnicas.
Um fato que me marcou bastante foi no segundo treino quando deixei meu bokuto cair no chão! Se fosse há alguns anos atrás iria morrer de vergonha e talvez não aparecer nos treinos por alguns meses, mas, sim, percebi que era uma falha grave! No entanto, estava ali para aprender, entre companheiros que buscam algo que só que pratica sabe o que é.
Assim, entendi que era o momento de deixar minhas falhas evidentes para que pudessem ser corrigidas e que se essa fraqueza não ficasse exposta naquele instante poderia me prejudicar muito depois em outra circunstância.
Neste período sempre pude contar com a paciência do Sensei Alberto e do Fred que estão sempre dispostos a apontar correções e direcionar a melhor forma de realizar os movimentos sem executar gestos desnecessários, buscando ser eficiente e melhorando principalmente minha concentração e postura durante a prática!
Quanto aos dias que pudemos contar com a presença do Alexandre Pereira, pude ter informações valiosas não só do Iaidô, mas também sobre vários aspectos da cultura japonesa. Aprendemos bastante sobre a relação entre aluno e professor, como devemos ser respeitosos não só com nossos Senseis, como também com nossos companheiros de treinamento.
Nesses dias foi possível perceber a importância de se praticar os Katas corretamente e outra maneira de treinar consiste em separar os movimentos de cada Kata e treiná-los separadamente para depois juntar tudo e executar de uma só vez!
Achei interessante que o que conta não é velocidade e que há um forte conceito estético presente nos Katas. Mas não seria a beleza pura e simplesmente, e sim a estética de uma execução correta do golpe, equilíbrio, empunhar corretamente a espada, a angulação da mão do corte, o saque utilizando os dois braços trazer a espada de volta para a bainha! Enfim, questões que devem ser observadas cuidadosamente.
Aproveitamos bastante os momentos mais informais, nos quais tirei algumas curiosidades em particular sobre o Tameshigiri.
Para finalizar, acho que se alguém me perguntasse hoje como fazer para se tornar um Samurai, diria que comprasse uma máquina do tempo e viajasse para o passado no século XVI ou XVII, quando eles ainda existiam. Mas se quisesse aprender o caminho da espada perguntaria pro meu Sensei como seria possível.
A resposta que busco pra mim, sem deixar de mencionar o apoio de todos ao meu redor! A resposta! Busco com muito treinamento! Nunca serei um Samurai! Nem japonês sou! Mas, tento fazer algo positivo para me tornar um ser humano melhor! E não custa nada lembrar. Sozinho não se chega a lugar nenhum! É preciso pelo menos ter um caminho onde pisar, com pessoas que te apontem a direção fica melhor ainda!
Jorge
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